EBORI
O BORI é o ritual que harmoniza o ORI, dando assim a possibilidade de transformar um " ORI BURUKU" em "ORI RERE".
È através do Jogo de Búzios que o Babalorixá recebe as instruções para realizar este ato (BORI) ritualístico que possibilitará não só a mudança da sorte como também a manutenção da mesma, para que não se a perca.
É o BORI que diminui a ansiedade, o medo, a dor e a tristeza trazendo a esperança, alegria e a harmonia.
Desta forma, o BORI é uma das oferendas mais importantes que visa o bem estar individual no Candomblé.
O Ritual de Bori é muito sério, complexo e profundo. Por isso, o sacerdote deve ter grande conhecimento e respeito em relação à questão do Ori e da evolução humana. Ori é o Orixá mais importante na vida de um homem, uma vez que, sem ele, o homem simplesmente não existiria. Ori significa, literalmente, cabeça e é, misticamente, o primeiro Orixá a ser cultuado. É ele o portador do destino humano.
O Ritual de Bori independe de qualquer processo iniciático e independe do culto aos outros Orixás. Seu objetivo é o de alimentar o Ori, seja qual for o sexo, raça, profissão, idade, nível social da pessoa. Com este ritual busca-se o equilíbrio através da ação do Ori, condutor do destino pessoal. Muitas vezes se realiza um Ritual de Bori com o objetivo de afastar o mal do caminho da pessoa, o que não significa que, retirada esta ameaça nenhum outro mal possa ocorrer. Assim sendo, o Ritual de Bori não tem "prazo de validade", não tem freqüência determinada (anual, semestral, mensal, etc.), devendo ser repetido sempre que se mostre necessário.
O Odu manifestado através do jogo advinhatório é que determina a necessidade de realização do Bori e indica quais materiais devem ser usados. Há dois tipos de Bori:
1) Aquele que é considerado pré-requisito para uma iniciação, ou seja, primeiramente se alimenta o Ori, divindade pessoal, para a seguir alimentar outros Orixás.
2) Aquele realizado a fim de buscar a solução de um problema que aflige a pessoa através do alimento oferecido ao seu Ori, sem que haja necessidade de iniciação.
O local mais apropriado para realização deste Ritual é a casa do sacerdote. Este deve Ter bom senso quanto a necessidade de recolhimento. Se o Bori for acompanhado de Eje, é recomendável o recolhimento como meio de repouso e proteção, pois o Ori que está sendo venerado não deve receber energia do sol nem do sereno. O recolhimento evita, ainda, que a sombra daquele que passou pelo Bori seja pisada.
O sacerdote deve saber que durante este Ritual a pessoa somente poderá entrar em transe no momento que seu Orixá for louvado. Deve conhecer a finalidade e o significado de cada material que usa. Omi e Obi, por exemplo, são elementos indispensáveis neste Ritual. Omi, a água, representa paz, abundância e fertilidade enquanto o Obi é usado para aplacar a fúria das adversidades, alimentar e agradar as divindades.
O jogo advinhatório determinará, através de Odu, que material deve ser usado no Bori e este material poderá ser desde apenas um copo d'água e um Obi até uma oferenda bem grande.